Na noite de domingo (10), o presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) usou as redes sociais para comentar o assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, militante do PT, cometido por um apoiador do governante. Em vez de prestar solidariedade à família da vítima, Bolsonaro disse que dispensa apoio de quem pratica violência e que é a esquerda que é violenta.
“Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos”, escreveu Bolsonaro no Twitter. O texto é reciclado de uma mensagem publicada por Bolsonaro durante as eleições de 2018.
Arruda foi morto pelo agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho. A vítima comemorava seu aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT e com foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Deixa mulher e quatro filhos.
Segundo o boletim de ocorrência, ao invadir a festa, o atirador gritou “aqui é Bolsonaro”. Nas redes sociais, Guaranho demonstra apoio ao presidente e às pautas defendidas por seu governo. Guaranho foi alvejado e está hospitalizado.
Ainda no Twitter, Bolsonaro disse que “é o lado de lá [esquerda] que dá facada, cospe, destrói patrimônio, solta rojão em cinegrafista, protege terroristas internacionais, que desumaniza pessoas com rótulos e pede fogo nelas”.
No entanto, são episódios de violência contra a esquerda, e não pela esquerda, que estão se acumulando na pré-campanha eleitoral. Na última quinta-feira (7), uma bomba caseira com fezes foi lançada contra o público que acompanhava ato de Lula na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro
Neste mesmo evento, Lula usou colete a prova de balas, sinal de um recrudecimento da segurança do pré-candidato.
No mesmo dia, o carro do juiz responsável por mandar prender o ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, foi vandalizado com fezes de animais, estrume, terra e ovos.
Em 15 de junho, um drone atirou substância com forte odor em um ato de Lula em Uberlândia (MG).
Bolsonaro minimiza falas que estimulam violência
Ainda na manifestação de hoje no Twitter, Bolsonaro também buscou minimizar falas anteriores, suas e de membros de sua família e governo, que banalizavam ou estimulavam violência.
“Falar que não são esses e muitos outros atos violentos [da esquerda] mas frases descontextualizadas que incentivam a violência é atentar contra a inteligência das pessoas. Nem a pior, nem a mais mal utilizada força de expressão, será mais grave do que fatos concretos e recorrentes”, escreveu o chefe do Executivo.
Em evento da campanha eleitoral de 2018 no Acre, Bolsonaro disse: “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vamos botar esses picaretas pra correr do Acre”. O então candidato pegou um tripé e simulou gesto de quem empunhava um fuzil e atirava.
Ao encerrar a série de postagens no Twitter neste domingo, Bolsonaro pediu que as autoridades apurem o caso e tomem as medidas cabíveis. “Assim como contra caluniadores que agem como urubus para tentar nos prejudicar 24 horas por dia”, concluiu. A declaração do presidente acontece horas após o caso vir a tona.