O presidente do PT Amazonas, o deputado Sinésio Campos, invadiu hoje (20) a sede Associação de Silves de Preservação Ambiental e Cultural (ASPAC), no município de Silves, depois que a empresa mineradora ENEVA virou alvo da 7a Vara da Justiça Federal no Amazonas, com a suspenção de audiências públicas que debateriam a extração de petróleo e gás no chamado Campo de Azulão, em terras indígenas, na região do Baixo Amazonas, marcadas para este sábado (20) e no domingo (21).
Diante de autoridades locais, incluindo o prefeito Raimundo Grana e vereadores, Campos, que também é deputado estadual pelo PT, incentivou dezenas de pessoas a invadir a sede da ASPAC (Associação de Silves pela Preservação Ambiental e Cultural).
A Associação assinou o pedido de liminar juntamente com a Associação dos Mura, que representa 190 famílias indígenas dos povos Mura, Munduruku e Gavião Real, e com o apoio das organizações 350.org, Alternativa Terra Azul, Comissão Pastoral da Terra , Grupo de Trabalhos Amazônicos e Rede Resistência Amazônica.
Segundo membros da Associação, Sinésio invadiu a ASPAC por entender que eles estavam indo de encontro aos interesses de exploração mineral da empresa que ele defende. A princípio o deputado disse que tinha ido ao local “ver como é que estava”, ou seja, uma espécie de fiscalização sem ordem judicial, depois, tentou justificar que tinha sido uma visita, mas não conseguiu convencer os integrantes da Associação e representantes dos povos Mura.
A ASPAC já havia entrado na justiça contra a ENEVA, que já explora petróleo em Silves com licenças dada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), mas sem os devidos estudos de impacto exigidos pela Lei e sem ter feito audiências públicas conforme solicita a Legislação Federal para a exploração de Gás. Coincidentemente, a “visita” do deputado Sinésio acontece um dia após a decisão Judicial ser anunciada.
Ganho de causa
A ASPAC entrou na justiça contra a empresa e, a juíza federal Jaiza Fraxe concedeu ganho de causa, cancelando as licenças e a audiência pública que eles marcaram as pressas, para justificar a exploração de Gás, mas sem disponibilizar estudos prévios, conforme manda a Lei.
Truculência
Sinésio esteve na Associação hoje (20), pela manhã, com o único objetivo de ‘amedrontar’ os associados. Ele, segundo a associada, Márcia Ruth, chegou acompanhado por uma ‘comitiva’ formada por seguranças, integrantes da empresa ENEVA e seus assessores, todos sem se identificarem, além de invocar as forças policiais do município, se valendo da ‘autoridade’ parlamentar, informou a associada Márcia Ruth.
O deputado estadual Sinésio Campos tem feito discurso de ódio, quando associações ou grupos ambientalistas adotam algum tipo de ação em defesa do meio ambiente e dos povos indígenas, nas regiões onde empresas exploram minérios no Amazonas.
“O discurso foi de ódio contra os povos indígenas da etinia Mura, que estavam na sede da Associação no momento da invasão”, disseram os associados em ligação ao portal Correio da Amazônia.
“Todo o ódio, todo o interesse e toda truculência contras os povos originários, unicamente para defender uma empresa de extração de Petróleo e Gás, que destrói o meio ambiente na Amazônia”, lamenta Márcia Ruth.
Correio da Amazônia