Marcos Uchôa foi um dos principais nomes do jornalismo da Globo por 34 anos. No final do ano passado, o repórter decidiu deixar a emissora da família Marinho. Na opinião do jornalista, a onda de cortes da TV está ligada com Jair Bolsonaro.
“Eu não tinha mais contrato. Foi uma das coisas que o Bolsonaro fez… Antes, pessoas que tinham um salário melhor na Globo ganhavam como pessoa jurídica. No primeiro ano de governo, ele já foi em cima em termos trabalhistas, dizendo que isso não podia ser assim, e todo mundo passou a voltar a ser funcionário. Até o Galvão, até o Faustão”, declarou Marcos Uchôa ao podcast Inteligência Ltda.
Uchôa afirmou que o desligamento da Globo aconteceu sem traumas: “Eu era uma pessoa contratada como outra qualquer. Não tinha um período para vencer o contrato. Pedi demissão normalmente. Expliquei que queria sair. Não tenho nenhuma mágoa da Globo. É claro que houve momentos em que quis fazer coisas que não pude fazer, porque eles não deixaram, mas é a regra do jogo”.
Apesar de ainda ser a emissora com maior faturamento, o jornalista disse que a Globo passa por problemas financeiros. “A Globo está sofrendo, como muitos meios de comunicação, com a saída do dinheiro das mídias tradicionais e a entrada do dinheiro na internet. Por exemplo, o teu programa é um adversário, um concorrente que anos atrás não existia”, explicou.
Mesmo ciente das dificuldades, Uchôa não concorda com a política de cortes: “Eu não faria assim, acho um erro. A identidade de um meio de comunicação é muito os profissionais que você está acostumado a ver. Você cria uma identidade que é abalada quando essas pessoas saem, e precisa ser reconstruída”.Fonte: Redação Terra